O mercado brasileiro de suplementos movimentou R$ 6,4 bilhões em 2023 e pode chegar a R$ 10,8 bilhões até 2028, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins Especiais e Congêneres (Abiad). O segmento, que já havia crescido 25% em 2022, projeta avanço anual de 8% até 2029.
Levantamento da Conversion News indica que o interesse on-line por produtos de suplementação atingiu recordes: são cerca de 471 mil buscas mensais por whey protein e 918 mil por creatina. A tendência de alta, iniciada em 2013, deve alcançar seu pico em 2025.
Whey protein para o público infantojuvenil
A nutróloga Juliana Couto Guimarães, da Afya Educação Médica de Montes Claros, afirma que o whey protein pode ser prescrito a crianças e adolescentes quando há dificuldade de atingir a ingestão proteica ideal — situação comum em casos de seletividade alimentar, baixo peso ou exigências maiores em esportes competitivos, como natação, ginástica e futebol.
Segundo a médica, o produto deve atuar como complemento, jamais substituindo refeições. A quantidade recomendada varia conforme peso, idade e gasto energético, exigindo acompanhamento profissional para evitar excesso de proteína.
Creatina: quando é segura?
A creatina é considerada segura apenas a partir dos 16 anos, conforme posição da International Society of Sports Nutrition (ISSN) publicada em 2021. Em crianças menores, o uso fica restrito a condições clínicas específicas — doenças neuromusculares, miopatias e distúrbios metabólicos — onde estudos apontam melhora de força e qualidade de vida. Para prática esportiva recreativa, a substância não é indicada.
Distribuição do consumo
O Brasil ocupa o quarto lugar no ranking mundial de consumo de whey protein. Distrito Federal, Minas Gerais e Espírito Santo lideram as buscas pelo produto, seguidos por Sergipe e Santa Catarina. No caso da creatina, a maior procura ocorre no Nordeste, com destaque para Rio Grande do Norte, Maranhão, Sergipe, Alagoas e Ceará.
Imagem: Divulgação
Riscos do uso inadequado em crianças e adolescentes
Diretrizes da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) apontam que a suplementação proteica pode ser segura quando respeita as necessidades da infância. As recomendações vão de 2,85 g diárias para crianças entre 4 e 8 anos a 7,8 g por dia na faixa de 9 a 18 anos.
Juliana Couto Guimarães alerta para cinco problemas ligados ao consumo sem orientação:
- Sobrecarga renal: excesso de proteína pode elevar ureia e creatinina em rins ainda em desenvolvimento.
- Desbalanço nutricional: substituir refeições por suplementos reduz ingestão de ferro, cálcio, fibras, vitaminas e calorias necessárias ao crescimento.
- Problemas gastrointestinais: whey concentrado, rico em lactose, pode provocar dor abdominal, gases e diarreia em intolerantes.
- Ganho de peso indesejado: misturas hipercalóricas com leite integral, aveia ou açúcar favorecem aumento de gordura corporal.
- Produtos adulterados: suplementos de baixa qualidade podem conter estimulantes ou anabolizantes, oferecendo risco extra ao público jovem.
Com informações de Webrun



